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Narges Mohammadi: A Voz Silenciosa da Liberdade no Irão

Ela não ouve a voz dos filhos há dois anos, mas não vai descansar até lhes deixar um Irão livre


Narges Mohammadi, a ativista iraniana e Prémio Nobel da Paz de 2023, não ouve a voz dos seus filhos há dois anos. Apesar da distância, ela permanece resoluta na sua luta por um Irão livre e democrático.


O seu marido, Taghi Rahmani, partilhou com Sofia Lorena, do Jornal Público, que Narges continua comprometida com a luta pela liberdade: "Eu gosto do caminho que decidimos seguir, lutar pela liberdade. Espero que os meus filhos deixem a fase de nos perdoarem e nos venham ajudar."


Narges e Taghi conheceram-se há 30 anos, mas desde o casamento em 1999, apenas conseguiram viver quatro anos seguidos juntos sem estarem afastados pelas prisões.


Durante esse breve período de normalidade, nasceram os gémeos Ali e Kiana.


Em 2012, Rahmani saiu do Irão e, três anos depois, os filhos foram ao seu encontro.


A última vez que Ali e Kiana viram a mãe foi em 2015, e a última vez que falaram com ela foi em 31 de março de 2022, um dia antes da sua prisão, no aniversário de 50 anos de Narges. Desde então, Mohammadi tem enfrentado a repressão do regime iraniano, incluindo confinamento solitário.


Na última prisão, Narges foi condenada pela 12ª vez, sendo esta condenação atribuída ao lançamento do seu livro Tortura Branca – Testemunhos de Prisioneiras Políticas Iranianas.


No prefácio do livro, Narges escreve: "Nada me impedirá de continuar a minha luta contra o confinamento solitário, uma punição cruel e desumana."


O livro, editado em Abril pela Casa das Letras, foi apresentado esta semana em Lisboa por Rahmani. "Da mesma forma que enquanto eu estava na prisão ela era a minha voz, eu procuro agora ser a voz dela", afirmou Rahmani na Livraria Buchholz.


Apesar da distância entre o exílio de Rahmani em Paris e a cidade de Zanjan, onde Narges está entre idas e vindas da prisão, Rahmani destaca a importância de Narges como voz dos outros prisioneiros: "A Narges é a voz dos outros prisioneiros e isso deixa o regime furioso."


A luta de Narges Mohammadi e Taghi Rahmani é um testemunho de resistência e esperança por um Irão livre e democrático.


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