FALECEU AMÂNDIO SILVA
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FALECEU AMÂNDIO SILVA

FALECEU AMÂNDIO SILVA

Foi um dos resistentes contra a ditadura. Era natural de Lisboa, nascido na Rua do Cruzeiro - Ajuda. Foi aluno do Lyceu D. João de Castro. Com 20 anos foi preso e acusado de ter participado na "Revolta da Sé". Dentro das grades, passou os seus dois aniversários, o dos 21 e o de 22 anos. No seu julgamento, o padre Adriano Botelho, que tinha sido professor de Educação e Moral, aceitou ser sua testemunha de defesa. Em pleno Tribunal de Santa Clara, perante o Juiz, acusação e advogados de defesa, o Padre, assumindo com coragem, próprio de homens com dimensão superior, afirmou: se o Amândio e todos esses jovens acusados de estarem envolvidos na "Revolta da Sé" "se eles se meteram em alguma coisa, foi por bem com certeza". Esta posição e outras de denúncia das "mazelas sociais" mereceu ao Pároco, que tinha a seu cargo a Paróquia de Alcântara, problemas com o patriarcado e com as polícias do regime. À saída do Tribunal, todos os presentes se levantaram como sinal da estima e grande respeito que nutriam pelo sacerdote, que foi forçado a abandonar o País e a partir para a Argentina para o seu exílio.

Libertado após o julgamento, Amândio esteve um período a trabalhar na Sociedade Continental de Fibras, para em 31 de Janeiro de 1961, dirigir-se à chancelaria da Embaixada do Brasil, que na altura funcionava na Praça Marquês de Pombal, na qualidade de jornalista do "Diário da Manhã, para dispersar a PIDE que se encontrava na porta da Embaixada. Na embaixada, pediu asilo político, que lha foi conferido, e autorização para ali contrair matrimónio com aquela que viria a ser a sua companheira de sempre - Maria Ivone - o que foi autorizado. A cerimónia matrimonial verificou-se no dia 1 de de Abril de 1961, tendo-o representado o seu pai. No fim da cerimónia o embaixador Negrão de Lima, ofereceu um "porto de honra" para todos os presentes. Só a 5 de Abril, protegido pela Diplomacia Brasileira, embarcou para o exílio no Rio de Janeiro onde se viria a juntar ao grupo de revolucionários entre os quais, Henrique Galvão, que viria a executar, com Palma Inácio, Camilo Mortágua, Maria Helena Vidal, João Martins, Fernando Vasconcelos, o Desvio do Avião em 10 de Novembro de 1961. Amândio Silva, Partiu com este grupo de homens generosos. Fixaram-se em Tânger. Aí prepararam a Operação. Deslocaram-se para Casablanca, entraram com os bilhetes que tinham adquirido em Rabat, e, quando a aeronave entrara em Território Português, tomaram de assalto o avião, que circulou a baixa altitude por Lisboa, Setúbal, Beja, Faro e foi aterrar no aeroporto de Tânger. Tu Amândio, que passaste para o Oriente, estarás sempre na minha Memória, como reconhecimento da LIBERDADE que tu e outros deixaram como herança. Saibamos preservá-la e defendê-la.

LV

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