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Espécie migratória do Pacífico desaparece após décadas de tentativas de conservação sem sucesso.

Espécie migratória do Pacífico, símbolo da fragilidade ecológica global, desaparece após décadas de tentativas de conservação sem sucesso.


A comunidade científica internacional confirmou o que há muito se temia: o maçarico-de-bico-fino (Numenius tenuirostris) foi oficialmente declarado extinto.


A decisão foi anunciada esta semana pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que atualizou o estado da espécie na sua Lista Vermelha, encerrando assim um capítulo trágico da história das aves migratórias do planeta.


Última vez observado com confirmação científica em 1995, na Síria, o maçarico-de-bico-fino era um símbolo de resistência e de mistério para ornitólogos e ambientalistas.


Durante anos, circularam relatos não comprovados de avistamentos em zonas húmidas da Roménia, do Irão ou da Líbia, mas nenhuma das expedições internacionais conseguiu recolher provas concretas.


Com corpo esguio, plumagem castanha-acinzentada e o característico bico longo e curvado, esta ave migratória percorria milhares de quilómetros entre as zonas de nidificação na Sibéria e os refúgios de inverno em África e no Médio Oriente.


O seu desaparecimento deve-se à destruição de habitats, à caça ilegal e à drenagem de zonas húmidas — fatores que afetam atualmente dezenas de outras espécies.


Para os especialistas, o caso do maçarico-de-bico-fino é um aviso severo sobre o colapso silencioso da biodiversidade global. “Cada extinção é o fim de uma história evolutiva de milhões de anos e o reflexo direto do nosso modo de vida”, sublinhou um relatório recente da BirdLife International.


A espécie era tão rara que, nas últimas décadas, se tornou uma lenda entre observadores de aves.


Diversas organizações internacionais, incluindo a UICN e o Wetlands International, financiaram expedições e programas de conservação que chegaram a mobilizar dezenas de países, mas sem resultados. O último ninho conhecido foi registado há mais de trinta anos, e nenhuma gravação sonora ou fotografia recente sobreviveu.


Com esta declaração oficial de extinção, o maçarico-de-bico-fino junta-se à lista de aves desaparecidas nas últimas décadas — entre elas o íbis-eremita-do-Oriente Médio e o pombinho-de-Santa-Helena. O desaparecimento reforça a necessidade de políticas ambientais globais mais firmes, num momento em que a destruição de zonas húmidas, florestas e pradarias continua a acelerar.


Em Portugal, biólogos do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) lembram que o país é rota migratória de dezenas de espécies ameaçadas e alertam para a urgência de reforçar a proteção de estuários e lagoas costeiras, como as do Tejo e do Sado.


A extinção do maçarico-de-bico-fino não é apenas o fim de uma espécie: é um espelho da crise ecológica global, e um lembrete de que as mudanças climáticas e a perda de habitats não são abstrações científicas, mas realidades que corroem silenciosamente o equilíbrio da Terra.


Autor

Domingos Luzia

Centro Editorial My Fraternity


Mapa de rotas migratórias do maçarico-de-bico-fino, ligando a Sibéria às zonas húmidas do Mediterrâneo e de África.
Maçarico-de-bico-fino

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