Todos eram "Meus Irmãos" | Rudyard Kipling
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Todos eram "Meus Irmãos" | Rudyard Kipling

À minha loja mãe de Lahore


E havia Hundle, o chefe da estação;

Baseley, o das estradas e dos trabalhadores;

Black, o sargento da turma de conservação,

Que foi nosso Venerável por duas vezes.


E ainda o velho Frank Eduljee,

Proprietário da casa "As Miudezas da Europa".


E então, ao chegar, dizíamos: Sargento, Senhor, Salut, Salam... todos eram "Meus Irmãos", E não se fazia mal a ninguém,

Nós nos encontrávamos sobre o nível,

E nos despedíamos sob o esquadro.


Eu era o Segundo Experto dessa Loja.


Lá em baixo....

Havia ainda Bola Nath, o contador;

Saul, judeu de Aden;

Din Mohamed, da seção de cadastro;

O senhor Babu Chuckerbutty, Amir Singh, o sique,

E Castro, o da oficina de reparos,

Um verdadeiro católico romano.


A decoração do nosso templo não era rica,

Ele era até um pouco velho e simples, Mas nós conhecíamos os Deveres Antigos,

E os tínhamos de cor.


Quando eu me lembro deste tempo,

Percebo a inexistência dos chamados infiéis,

Salvo alguns de nós próprios.


Uma vez por mês, após os trabalhos Reuníamos-mos para conversar e fumar

Pois não fazíamos ágapes,

Para não constranger os Irmãos de outras crenças.


E de coração aberto falávamos de religião,

Entre outras coisas, cada um referindo-se à sua.

Um após outro, os irmãos pediam a palavra,

E ninguém brigava até que a aurora nos separasse,

Ou quando os pássaros acordavam cantando.


E voltávamos para casa, a pé ou a cavalo,

Com Maomé, Deus, e Shiva,

Brincando estranhamente em nossos pensamentos.


Viajando a serviço, Eu levava saudações fraternais

Às Lojas ao Oriente e ao Ocidente de Lahore,

Conforme fosse a Kohart ou a Singapura.


Mas sempre voltava para rever meus irmãos.


Os da minha Loja Mãe.


Lá de baixo...


Como gostaria de rever aqueles velhos irmãos,

Negros e morenos,

E sentir o perfume dos seus cigarros nativos,

Após a circulação do tronco,

E do malhete ter marcado o fim dos trabalhos,

Ah! Como eu desejaria voltar a ser um perfeito maçon.


Novamente, naquela Loja antiga. Diria então Sargento, Senhor, Salut, Salam...


Pois seriam todos meus irmãos,


E ali não se faria mal a ninguém


E nos encontraríamos sobre o nível,


E nos despediríamos sob o esquadro,


Eu seria o Segundo Experto da minha Loja,


Ficaria lá em baixo.


Rudyard Kipling


(Rudyard foi um dos escritores mais populares da Inglaterra, em prosa e poema, no final do século XIX e início do XX). @Apresentação: Eduardo Miguel. Sem responsabilidade para o "My Fraternity".


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