Origem e significado dos sobrenomes sefarditas
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Origem e significado dos sobrenomes sefarditas

A origem dos sobrenomes dos judeus sefarditas


Os sobrenomes próprios dos judeus de origem sefardita, segundo a tradição espanhola, são frequentemente de caráter toponímico (Avila, Córdoba, Franco, Lugo...), profissional (Guerreiro, Barbero, Cubero, Zapateiro, Ferrer, Ballesteros...) ou que descrevem uma qualidade física ou psíquica (Cano, Moreno, Pardo, Rubio...).


No entanto, é difícil atribuir exclusivamente um sobrenome dessas características a uma determinada religião, já que muitos estão associados a pessoas e famílias cristãs.


Os judeus sefarditas frequentemente utilizam nomes de origem hebraica ou árabe que não existem na Península Ibérica.


A mudança de sobrenomes após 1492


Após 1492, muitos marranos mudaram os seus sobrenomes para esconder a sua origem judaica e evitar perseguições.


Era comum adotar o nome da igreja na qual foram batizados (Santa Cruz, Santamaria), a palavra "Messias" (Salvador) ou até mesmo o sobrenome do cristão velho que os apadrinhava, como "Mendoza (Mendonça) da Cavalaria".


A complexidade da identidade sefardita


A visão de Abraham B. Yeshohua sobre a identidade sefardita


Abraham B. Yeshohua, um escritor israelense de origem sefardita, sugere que a identidade sefardita contém três componentes: cristãos, muçulmanos e judeus.


Esses três elementos estariam misturados de forma inseparável na lembrança de uma assombrosa simbiose cultural.


A identidade sefardita estaria relacionada com a inclusão do "Outro", mesmo que ele esteja desaparecido e tenha ficado esquecido, e constituiria algo assim como um "gene cultural".


Segundo Yehoshua, essa melancolia e nostalgia pelo "Outro" até quando já não está presente, permitiu a transmissão de geração em geração por centenas de anos e havia feito com que os sefarditas fossem mais tolerantes em comparação com os judeus ashkenazis.


Uma exígua minoria de sefarditas que estiveram em condições de traçar documentalmente a sua ascendência poderia demonstrar de forma irrefutável a sua origem sefardita de um ponto de vista legal.


No entanto, a identidade abarca isso e muitos mais.


Tem a ver com os fatores psicológicos e sociais como os identificados no artigo de Yohoshua.


Tais fatores não são, por definição, tangíveis e não podem ser provados documentalmente.


Tal como já se fez referência e convém ser realçado, a tradição espanhola considera sobrenomes toponímicos, os que indicam uma cidade ou localidade (por exemplo, Avila, Córdoba, Franco, Lugo), profissões (Guerreiro, Barbero, Cubero, Zapateiro, Ferrer, Ballesteros) ou características físicas ou psicológicas (Cano, Moreno, Pardo, Rubio) como típicos de judeus sefarditas.


No entanto, é difícil atribuir exclusivamente um sobrenome dessas características a uma determinada religião. Tal como já se referenciou, muitos dos sobrenomes sefarditas estão associados a pessoas e famílias cristãs.


Além disso, é mais comum que os judeus sefarditas usem nomes de origem hebraica ou árabe, que não existem na Península Ibérica.


Depois de 1492, muitos marranos (judeus convertidos ao cristianismo) mudaram os seus sobrenomes para esconder a sua origem judaica e evitar perseguições.


Abraham B. Yeshohua, um escritor israelense renomado de origem sefardita, no seu artigo intitulado "Beyond Folklore: The Identity of Sephardic Jews", sugere que a identidade sefardita contém três componentes: cristão, muçulmano e judeu.


No entanto, a identidade sefardita é mais do que apenas uma questão legal e inclui fatores psicológicos e sociais, como os identificados no artigo de Yeshohua.


Tais fatores não são tangíveis por definição e não podem ser provados documentalmente.


Durante a Idade Média, a Península Ibérica foi um importante centro intelectual do Ocidente, atraindo estudiosos, filósofos e poetas de diversas partes do mundo conhecido.


Essa atração foi baseada na existência de uma cultura avançada (a cultura muçulmana) e uma língua franca (o árabe), juntamente com um genuíno interesse pelo conhecimento e um espírito de tolerância.


Essas são as razões pelas quais os sefarditas se sentem atraídos e lamentam a perda dessa época.


Assim, a melhor homenagem que podemos prestar aos sefarditas é educar as pessoas sobre o rico legado cultural que mais de um milénio de presença judaica em Sefarad deixou na Península Ibérica.


A criação de centros de estudos sefarditas contribuirá significativamente para compensar a injustiça cometida há mais de quinhentos anos contra os judeus portugueses e espanhóis.


No entanto, dificilmente será criado em Bragança um Centro de Estudos Sefardita, que permita uma investigação mais profunda, rigorosa e tão necessária, quanto o apelo da história do judaísmo na cidade de Bragança.


Bibliografia:


Sephardic Jews: History, Religion and People" de Jane Gerber, "The Sephardic Legacy: Unique Features and Achievements" de Yom Tov Assis, "The Sephardic Jews of Spain and Portugal: Survival of an Imperiled Culture in the Fifteenth and Sixteenth Centuries" de Jeffrey Gorsk; Obras de Abraham B. Yeshohua e outros autores renomados sobre o assunto, como "The Sephardic Jews: History, Religion, and People" de Naomi Cohen e "The Jews of Spain: A History of the Sephardic Experience" de Jane S. Gerber


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