Na tradicional Mensagem à Grande Dieta, em 20 de Março de 1915, o Grão- -Mestre Magalhães Lima referia os efeitos da eclosão da guerra, que inviabilizou a realização do projectado Congresso Maçónico Internacional em Lisboa, agendado para Outubro de 1914: «Não se realizou em Outubro, como estava projectado, o Congresso Internacional Maçónico. A conflagração europeia opôs-se à sua celebração. Lastimamos profundamente o facto, tanto mais que é o carácter de universalidade que principalmente caracteriza a nossa instituição. O Congresso ter-se-ia efectuado nas melhores condições. Fôramos solenemente prometida a representação do Grande Oriente e da Grande Loja de França, dos Grandes Orientes de Itália, do Brasil, de Espanha, das Repúblicas da América do Sul, da Bélgica, etc., etc. Os delegados escolhidos haviam sido recrutados entre personalidades politicas, cientificas, literárias e artísticas, e o nosso país muito teria a ganhar com a visita desses maçons, que seriam outros tantos propagandistas das belezas da nossa terra. Devemos acrescentar que as nossas relações com as Potencias estrangeiras continuam a ser cordialíssimas, e, sinceramente confessamos, que nos envaidecem as provas com 3 Idem, p. 284. A Maçonaria Portuguesa e a Grande Guerra 38 Actas do Colóquio Internacional “A Grande Guerra: Um Século Depois” que nos têm honrado as sumidades maçónicas do estrangeiro, melhor poderíamos dizer, do mundo». Magalhães Lima reconhecia que a guerra veio agravar a situação portuguesa: «À crise económica veio juntar-se a crise política. Dupla crise, que poderá amortalhar-nos se não lhe acudirmos a tempo. A solução da crise política depende do nosso bom senso, do nosso juízo, do nosso patriotismo. A solução da crise económica depende da previsão governativa. Dupla luta — a luta pela independência económica e a luta pela independência civil. Nem Reacção, nem Revolução. Bem sabemos que a crise económica e financeira deriva, em parte, das circunstâncias mundiais, criadas pela guerra e que a crise politica deriva do conflito partidário e dos ódios dos políticos». «A guerra, a terrível guerra! A catástrofe, a medonha catástrofe! Luto, sangue, carnificina, lágrimas, incêndio, violação, ruínas, orfandade, hecatombes... É isto a humanidade? Não, a humanidade que sonhamos é outra — é a humanidade progressiva, perfectível; a humanidade da ciência, do trabalho; a humanidade que tem por lema a bondade e a beleza moral. E é esta a humanidade que a Maçonaria consagra, aclama, celebra e glorifica. O Grande Oriente Lusitano Unido não esqueceu o seu dever. Aos Orientes das nações aliadas, da França, da Inglaterra, da Bélgica, enviou, com a expressão da sua solidariedade, os votos mais ardentes pelo triunfo da sua causa, que é também a nossa causa, porque a vitória dos aliados está intima e indissoluvelmente ligada aos nossos destinos, à nossa própria existência, como nação livre e independente. A Maçonaria associou-se a todas as manifestações que, neste sentido, foram feitas em Lisboa. E assim tomou parte nos cortejos organizados em honra da França e da Bélgica e, por igual, se associou às vibrantes aclamações com que foram saudadas as bandeiras dos couraçados inglês e francês que nos visitaram por ocasião do 4.° Aniversário da República»
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