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Judaísmo:- Poligamia no Judaísmo

Judaísmo na Prática | Ciclo da Vida | Noivado & Casamento


Poligamia no Judaísmo

Por Naftali Silberberg


Na Torá


A Torá não proíbe um homem de ter múltiplas esposas.


Avraham, Yaacov, o Rei David e o Rei Shlomo são exemplos notáveis de figuras bíblicas que tinham mais de uma esposa.


Uma leitura mais apurada, porém, revela que praticamente em todos os casos onde nossos antepassados tinham múltiplas esposas, era por um motivo específico.


Avraham casou-se com Hagar somente após Sara sugerir e insistir que ele o fizesse porque ela e Avraham não tinham filhos juntos.


Outro exemplo clássico é Yaacov. Ele desposou Lea somente porque foi enganado por Laban, Similarmente, ele aceitou Bilá e Zilpá pelo conselho de suas primeiras duas esposas, que desejavam ter filhos através delas.


Na Lei Judaica


Ainda assim, a Torá não proíbe a poligamia. Há cerca de mil anos, o famoso erudito alemão Rabi Gershom, “A Luz da Diáspora”, baniu a poligamia.1 Esse banimento foi aceito como lei por todos os judeus askenazitas, mas não foi reconhecido pelas comunidades sefaraditas e iemenitas.


Falando na prática, a poligamia é quase inexistente hoje em dia, mesmo entre os judeus sefaraditas. Isso se deve ao fato de que a esmagadora maioria delas vive em sociedades onde a poligamia não é aceitável legalmente nem socialmente.


Por Que Foi Proibida?


Muitas razões são dadas para a proibição de Rabi Gershom:


1.Foi instituída para impedir as pessoas de tirarem vantagem de suas esposas.

2. Pretendia evitar potencial desacordo entre esposas rivais.

3. O que também poderia levar à transgressão de muitas violações bíblicas.

4. Rabi Gershom estava preocupado que o marido fosse incapaz de sustentar adequadamente todas suas esposas (especialmente durante os difíceis tempos de exílio).

5. Há uma preocupação de que um homem poderia desposar duas mulheres em locais diferentes, o que poderia levar a relacionamentos proibidos entre descendentes.

6. Embora tenha sido sugerido que isso foi adotado da prática e das leis cristãs, para evitar ataques cristãos contra judeus que agiam de outra forma

7. Esse argumento foi atacado por muitas outras autoridades haláchicas.


No Pensamento Judaico

No que tange ao pensamento judaico, poderia parecer que a poligamia não é, e nunca foi, um estado ideal. As obras místicas estão repletas com referências a marido e mulher sendo duas metades de um todo. Interessantemente, nunca encontrei um episódio no Talmud ou Midrash – que antedata o banimento de Rabi Gershon sobre a poligamia – o que envolve uma família polígama. Embora certamente seja possível que existam tais histórias, é bastante aparente que a poligamia jamais foi a norma.


Praticamente falando também, a poligamia é um grande problema financeiro, pois o marido é exigido a prover por todas as necessidades, bem como moradias separadas, para duas famílias.


Em toda a probabilidade, a poligamia sempre foi considerada uma opção de último recurso para homens que estavam casados com mulheres estéreis e que desejavam ter filhos sem se divorciar das mulheres que amavam. Monarcas também rotineiramente usavam a poligamia para cimentar relacionamentos com diferentes facções tribais e famílias.


NOTAS

1. Há uma brecha neste banimento, permitindo a um homem desposar uma segunda esposa sob certas circunstâncias extenuantes – por exemplo, se a saúde mental deteriorada da esposa a torna halachicamente incapaz de receber o guet, o divórcio judaico. Num exemplo desses, um sinal de dispensa assinado por 100 rabinos é necessário, e o marido deve colocar a quantia de dinheiro prometida na ketubá (contrato de casamento) numa conta de garantia no caso de as condições permitirem um dia que a esposa receba o divórcio.


2. Maharik em nome de Rashba, citado em Darchei Moshê, Even ha-Ezer 1:10.

3. Mordechai, Ketubot 291, citado em Darchei Moshê, ibid. 1:12.

4. Responsa de Maharam Schick, Even ha-Ezer

5. Responsa de Maharam mi-Padua, 14: Responsa Mishkenot Yaacov,1

6. Mishkenot Yaacov ibid.

7. Responsa She’eilat Yaavetz 2:15.


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