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Vaticano repreende bispos portugueses pela gestão dos casos de abuso sexual de menores

Atualizado: 27 de out.

Santa Sé manifesta “profunda preocupação” com a lentidão das dioceses portuguesas na aplicação de medidas contra abusos e exige responsabilidade pastoral efetiva.



O Vaticano enviou um sinal claro de desagrado à Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pela forma como tem gerido os processos de abuso sexual de menores na Igreja Católica.


Numa comunicação recente, a Santa Sé expressou “profunda preocupação” com o ritmo lento das respostas diocesanas e com a ausência de medidas pastorais consistentes em defesa das vítimas.


A advertência, interpretada como um verdadeiro “puxão de orelhas”, surge após uma reunião entre responsáveis da Congregação para a Doutrina da Fé e representantes da CEP, na qual foram discutidos os resultados da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Menores na Igreja, publicada em 2023, e os compromissos assumidos desde então.


De acordo com fontes próximas do processo, o Vaticano considera “insuficiente” a execução das medidas prometidas pelos bispos portugueses, nomeadamente a criação de mecanismos eficazes de denúncia, a formação de leigos para a prevenção de abusos e a comunicação pública transparente dos casos identificados.


A Santa Sé terá ainda questionado a omissão de algumas dioceses que não entregaram relatórios detalhados sobre investigações internas, contrariando as orientações diretas do Papa Francisco. Recorde-se que, desde 2019, o motu proprio Vos Estis Lux Mundi estabelece a obrigatoriedade de cooperação e de celeridade em todos os processos envolvendo clérigos suspeitos.


O alerta chega num momento delicado para a Igreja em Portugal, que enfrenta um clima de desconfiança e de dor entre as vítimas. Apesar de a CEP ter reconhecido publicamente os abusos e prometido indemnizações simbólicas, várias associações de sobreviventes acusam os bispos de procrastinar as ações concretas e de evitar responsabilidades diretas.


Em Roma, fontes eclesiais sublinham que a paciência do Papa Francisco “não é infinita” e que a sua prioridade continua a ser a “tolerância zero” face à negligência institucional. “A credibilidade da Igreja depende da verdade, e a verdade exige coragem”, terá dito um responsável da Cúria ao comentar a situação portuguesa.


A carta da Santa Sé não se limita à censura: propõe também um plano de acompanhamento pastoral, com visitas apostólicas pontuais às dioceses e formação obrigatória para os bispos sobre boas práticas em gestão de abusos. Estas medidas deverão ser coordenadas pela Nunciatura Apostólica em Lisboa nos próximos meses.


Enquanto isso, cresce entre o clero e os leigos a consciência de que a questão já não é apenas jurídica, mas espiritual e moral. A incapacidade de agir com transparência ameaça o testemunho evangélico e a relação da Igreja com a sociedade. “O perdão só é possível depois da justiça”, recordam várias vozes católicas que apelam a um novo pacto de responsabilidade e reparação.


O Vaticano conclui a sua mensagem com uma frase inequívoca: A omissão é uma forma de cumplicidade.”


Autor

Domingos Luzia

Centro Editorial My Fraternity


Vista ascendente de uma catedral gótica, símbolo do poder e da autoridade eclesial, usada no artigo sobre o Vaticano e os bispos portugueses.
Catedral e autoridade espiritual

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