Maçonaria Portuguesa Debaterá a Adesão de Mulheres no Grande Oriente Lusitano
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Maçonaria Portuguesa Debaterá a Adesão de Mulheres no Grande Oriente Lusitano

A MAÇONARIA TAMBÉM É DELAS: A PROVÁVEL ENTRADA DAS MULHERES NO GRANDE ORIENTE LUSITANO


O Grande Oriente Lusitano (GOL), a mais antiga obediência maçónica portuguesa, está em discussão sobre a possibilidade de admitir mulheres, marcando uma potencial mudança na instituição historicamente masculina.


Este é um tema de longa data, um tabu que persiste na maçonaria internacional, mas, apesar disso, as mulheres sempre tiveram presença na instituição, muitas vezes de maneira clandestina.


A Grande Loja Feminina de Portugal, fundada no ano 2000, foi uma resposta pioneira a esta questão, proporcionando um espaço maçónico exclusivamente feminino.


Odete Isabel, mulher de Abril e defensora dos direitos iguais, é hoje Grã-Mestra pela segunda vez nessa Grande Loja e destaca a importância do 25 de Abril na sua vida, que floresceu e cresceu com a abertura proporcionada pela maçonaria.


A discussão sobre a presença de mulheres na maçonaria é um debate de décadas.


O Grande Oriente Lusitano, criado em 1802, está atualmente a considerar a modernização da organização, com uma maioria dos maçons a manifestar apoio à inclusão de mulheres.


Este é apenas o primeiro passo, e o tema será debatido na Grande Dieta, uma espécie de parlamento maçónico, onde representantes de cada loja irão apresentar propostas e discutir os moldes da possível inclusão feminina.


O Grão-Mestre do GOL, Fernando Cabecinha, destaca a vontade da maioria dos maçons em tornar a obediência inclusiva para lojas masculinas, femininas ou mistas.


No entanto, este processo delicado implica mudanças em procedimentos e até mesmo na constituição maçónica.


O debate na Grande Dieta já começou, mas o caminho para uma decisão final será demorado.


A maçonaria, historicamente uma instituição masculina, teve mulheres que desempenharam papéis significativos, como Ana de Castro Osório ou Adelaide Cabette, ativas na luta pela Constituição da República Portuguesa.


Apesar da tradição que excluiu mulheres, alguns maçons defendem agora a entrada delas como uma adaptação aos novos tempos, desafiando preconceitos e ignorância.


A maçonaria, com seus rituais e princípios de liberdade, igualdade e fraternidade, visa o aperfeiçoamento individual e a promoção de uma sociedade mais justa.


O GOL, ao considerar a entrada de mulheres, enfrenta a necessidade de reconciliar "tradição" 😀 e a evolução, marcando um potencial momento de transformação na história maçónica em Portugal.



Estávamos na viragem do milénio, há coisa de duas décadas, quando Odete Isabel, feminista, acérrima defensora da igualdade de direitos, mulher de Abril, bateu à porta da maçonaria.


Influenciada que estava pela força do discurso do amigo António Arnaut, que foi um conhecido maçon, advogado e político português, e também por duas amigas de Coimbra.


Era o ano 2000 e Odete Isabel entrava assim na Grande Loja Feminina de Portugal, a única obediência maçónica exclusivamente feminina no nosso país, de onde nunca mais haveria de sair.


Hoje, aos 83 anos, é grã-mestra pela segunda vez, o cargo mais alto.


“Tinha 60 anos na altura e queria experimentar, saber se me dava bem na maçonaria e abriram-me a porta”, lembra.


Mas esta história começa muito antes, e é a própria Odete Isabel, hoje, com 83 anos, que faz a ressalva. É preciso rebobinar à infância para lhe entender os meandros. Que Assim Seja!


Cresceu durante o Estado Novo na Mealhada, e a professora primária convencera o pai a deixá-la seguir os estudos.


Sempre quis ser cirurgiã, mas logo lhe fizeram ver que isso não era uma profissão de mulher.


Acabou a licenciar-se em Farmácia, estudou no Porto, e já trabalhava nos serviços farmacêuticos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra no 25 de Abril de 1974.


Odete Isabel atravessou a data histórica carregada de esperança e logo depois quis candidatar-se à Câmara da Mealhada, desafiada por um amigo.


Ainda lhe disseram “para deixar a política para os homens”, mas é mulher de fibra, destemida por natureza.


É apontada como a primeira mulher eleita presidente de câmara em Portugal, nas autárquicas de 1976, uma das Cinco Magníficas que nesse ano ousaram desafiar o poder masculino, e que foram eleitas.


Este enquadramento é importante, aponta Odete Isabel, para explicar o encontro com a maçonaria.


“O 25 de Abril fez-me florescer, cresci muito. E, mais tarde, a maçonaria deu-me espaço para pensar livremente, trouxe-me esperança de uma sociedade mais igualitária. Só que ainda há muito preconceito e ignorância.”


Já lá vamos, ao preconceito, à ignorância.


O tema das mulheres na maçonaria, que é historicamente uma instituição masculina, é um debate de longas décadas, um tabu que ainda não deixou de o ser, uma discussão interna que se arrasta até aos dias de hoje, pese embora a mulher tenha estado sempre presente na maçonaria (ainda que tantas vezes de forma clandestina e inusitada, acontecia mulheres serem iniciadas maçonas por terem espiado cerimónias maçónicas de homens, só para proteger os segredos das lojas).


“A maçonaria esteve à frente do seu tempo em muitos aspetos, mas não em relação às mulheres”, critica sem rodeios Odete Isabel.


O Grande Oriente Lusitano (GOL), fundado em 1802, que existe ininterruptamente desde então, a mais antiga obediência maçónica de Portugal, obviamente masculina, está agora a discutir o assunto.


Depois de vários membros reclamarem a modernização da organização, o GOL começou por fazer uma auscultação às 103 lojas do país (tem lojas em todos os distritos) que compõem a obediência, a ouvir os maçons sobre a iniciação de mulheres e a maioria mostrou-se favorável.


Mas este foi só um primeiro passo, o tema tem agora de ser discutido na Grande Dieta, uma espécie de parlamento maçónico do GOL, que reúne periodicamente no Palácio Maçónico, no Bairro Alto, em Lisboa.


Aí estão em média dois representantes de cada loja, que irão apresentar propostas e decidir os moldes em que a entrada das mulheres poderá acontecer.


Em entrevista à Lusa, Fernando Cabecinha, grão-mestre do GOL, explicou que, “neste momento, há uma vontade maioritária do povo maçónico no sentido de que o GOL seja uma obediência onde trabalham lojas masculinas, femininas ou mistas”. Mas o processo é delicado, exige mudar procedimentos, talvez até alterar a constituição maçónica. - Fonte do Notícias Magazine.




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