Maçonaria Online: A Primeira Loja Virtual e o Debate sobre a Tradição
- Redação My Fraternity

- 10 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de set.
O Futuro da Maçonaria em Debate: As Primeiras Lojas Virtuais
A comunidade maçónica, tradicionalmente ligada ao simbolismo e ao contacto pessoal, encontra-se num ponto de viragem.
A chegada da primeira "loja maçónica virtual", um conceito que se temia mas era considerado inevitável, gerou um intenso debate.
A iniciativa, identificada com a "GLSMTU", levanta questões sobre o que é o futuro da prática maçónica: manter a tradição ou adaptar-se às novas realidades?
Um Conflito de Gerações e Perspetivas
As reações a esta novidade não demoraram a surgir.
Muitos maçons mais experientes, apelidados de "boomers" no contexto dos comentários, defendem que a maçonaria deve ser praticada exclusivamente de forma presencial.
Para estes, a experiência de um percurso iniciático, a criação de um "egrégore" (a energia de um grupo) e a fraternidade genuína só podem ser sentidas num espaço físico e sagrado.
Por outro lado, levantam-se vozes que defendem a inclusão e a adaptabilidade.
Membros mais novos e outros com diferentes perspetivas argumentam que a tecnologia pode ser uma ferramenta valiosa para integrar aqueles que, devido a doenças, deficiências ou mobilidade reduzida, não conseguem estar presentes.
Para estes, uma "loja virtual" poderia oferecer um "porto seguro" para irmãos e irmãs que, de outra forma, se veriam forçados a afastar-se da vida da Loja.
A Linha Ténue entre a Inclusão e a Deturpação
A maioria dos participantes no debate concorda que a iniciação à distância seria um erro.
A cerimónia de iniciação é um momento de profunda transformação e de transmissão simbólica que, na visão geral, não pode ser replicado de forma virtual.
O consenso parece ser que o virtual poderá ter um papel complementar, como forma de manter o contacto e a participação de membros ausentes, e não um papel de substituição total.
Apesar da potencialidade de inclusão, a iniciativa levanta preocupações sérias sobre o risco de fraudes.
A falta de registos oficiais (por exemplo, a declaração a uma Obediência, no caso francês) e de um controlo adequado pode abrir portas a pessoas mal-intencionadas.
Reflexões sobre o Futuro
A chegada da loja virtual é vista como um sintoma de uma tendência mais ampla que se consolidou após a pandemia de COVID-19.
Alguns maçons receiam que esta modernização forçada possa diluir os valores e a essência da Ordem, transformando-a numa mera "sociedade de intelectuais" ou, no pior dos casos, numa "associação de pescadores à linha", como foi ironicamente sugerido por um dos comentadores.
Outros, por seu lado, creem que as grandes obediências terão de se adaptar, sob o risco de perderem relevância e membros.
A discussão sobre as lojas virtuais é um espelho das profundas transformações em curso na sociedade.
A Maçonaria, uma instituição milenar, está perante o desafio de conciliar a sua rica tradição com a urgência de se manter relevante e acessível num mundo cada vez mais digitalizado.
O debate continua aberto: será este o fim da tradição maçónica ou o início de uma nova era de inclusão?




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