Intriga, Calúnia e Vingança - MY FRATERNITY - JUDAÍSMO
A gravidade da intriga, da calúnia e da difamação são bem conhecidas, assim como a profusão de modalidades que elas assumem. Tamanha é esta profusão que os nossos Sábios, de abençoada memória, pronunciaram numa declaração, já mencionada anteriormente (Baba Batra 165a): "....e todos sucumbem a 'poeira' da calúnia e da difamação". Perguntam eles (Arachin 15b): "O que é a 'poeira da calúnia e da difamação'?" e respondem: "É quando se diz: 'Onde se pode encontrar uma lareira?
Somente na casa de fulano'", ou quando se louva alguém na presença de seus inimigos. Embora estes aspectos possam parecer insignificantes e muito distantes da intriga, eles são na verdade parte de sua "poeira".
Em resumo, a inclinação malévola tem à sua disposição muitos artifícios, instrumentos e mecanismos.
Qualquer declaração ou afirmação que a pessoa faça em relação ao próximo, seja ou não na sua presença, que possa causar-lhe dano ou vergonha, faz parte do pecado de calúnia e difamação; é detestada pelo Santíssimo e sobre ela foi dito (Ibid.): "Aquele que profere calúnia e difamação, nega a Causa Divina", e (Salmos 101:5): "Aquele que secretamente calunia seu próximo, Eu o destruirei". Assim também é muito difícil ao coração malévolo escapar dos sentimentos de ódio e vingança, pois sendo extremamente sensível ao insulto, que lhe provoca grande angústia, a vingança, por ser a única coisa que lhe trará sossego, ser-lhe-á mais doce que o mel.
Assim, dependerá dele abandonar o impulso de sua natureza e relevar a ofensa para que não odeie aquele que lhe despertou este sentimento, não vingar-se dele na primeira oportunidade que aparecer e nem dele guardar rancor, mas sim esquecer toda questão e remover de seu coração a lembrança, como se nunca tivesse acontecido se ele conseguir assim fazer, será verdadeiramente um corajoso e um forte. Uma conduta como esta somente é fácil aos anjos, para quem os predicados acima não existem, assim como não existem para (Jó 4:19) "aqueles que moram em casas de barro, cujo fundamento está no pó...". Decretou o Santíssimo, em linguagem perfeitamente inteligível e sem necessidade de interpretações (Levítico 19:17-18):
"Não odiarás a teu irmão em teu coração... Não te vingarás e nem guardarás ódio contra os filhos de teu povo...".
A diferença entre vingança e guardar rancor é que a primeira denota a negação do bem àquele que, anteriormente, lhe negou o bem ou que, de alguma forma, o feriu; o segundo denota a inserção de alguma lembrança da calúnia que sofreu, ao praticar até mesmo um ato meritório para com aquele que o desonrou.
A inclinação malévola inflama e avança sobre o coração de quem foi caluniado e procura deixar ao menos algum traço ou vestígio da ofensa que sofreu.
Se não conseguir deixar uma lembrança forte, tentará deixar um vestígio mais fraco. Por exemplo, a inclinação malévola dirá à pessoa: "Se você quiser dar àquela pessoa aquilo que ela não quis dar a você quando você precisava, ao menos não lhe dê graciosamente". Ou: "Se você não quiser magoar aquela pessoa, ao menos não lhe faça um grande favor ou lhe ofereça uma grande assistência". Ou: "Se você quiser ir tão longe a ponto de ser de grande ajuda àquela pessoa, ao menos não lhe dê esta ajuda em sua presença".
Ou: "Se você perdoou aquela pessoa, não renove sua familiaridade com ela tornando-se seu amigo; é suficiente não mostrar-se a ela como seu inimigo. E, caso queira voltar à sua amizade, ao menos não lhe demonstre tanta amizade como no passado".
Todas estas sugestões fazem parte das intrigas causadas pela inclinação malévola, através das quais ela tenta enredar o coração da pessoa. Para contra-atacar isto, a Torá estabelece um abrangente princípio (Ibid.)
"... e amarás o teu próximo como a ti mesmo" "como a ti mesmo", sem quaisquer diferenças "como a ti mesmo", sem qualquer distinção, sem artifícios ou artimanhas literalmente "como a ti mesmo".
Extraído do livro: O Caminho dos Justos
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