Arquivos nazis revelam segredos - acervo europeu ajuda a reconstituir a história da Maçonaria
- Redação My Fraternity

- há 22 horas
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Reunido pelo regime de Hitler e hoje guardado em Poznań, um vasto arquivo com mais de 80 mil peças expõe o quotidiano das Lojas europeias — de partituras rituais a raras lojas femininas.
Em Poznań, no oeste da Polónia, um antigo edifício universitário guarda um dos arquivos maçónicos mais impressionantes da Europa — um acervo de cerca de 80 000 peças recolhidas pelo regime nazi entre o século XVII e o início da Segunda Guerra Mundial.
O arquivo foi criado por ordem de Heinrich Himmler, chefe da SS, durante a campanha “antimaçónica” lançada nos anos 30, quando o regime começou a considerar as Lojas como centros de oposição intelectual. Muitos maçons alemães e europeus foram então perseguidos, presos ou mortos, e as suas bibliotecas confiscadas.
Hoje, essas coleções, reunidas compulsivamente pelos nazis, transformaram-se num tesouro histórico. A curadora Iuliana Grazynska, responsável pela biblioteca da Universidade Adam Mickiewicz, afirma que “o arquivo ainda guarda mistérios”, apesar de décadas de trabalho. Entre os materiais encontrados estão correspondência ritual, menús de banquetes, manuais de formação, músicas usadas em cerimónias privadas e registos das raras lojas femininas existentes antes da guerra.
Alguns volumes mais antigos remontam ao século XVII e abordam a tradição rosacruciana — movimento espiritual considerado precursor da Maçonaria moderna. Entre as peças expostas destaca-se a primeira edição das Constituições de Anderson (1723), um dos documentos fundadores da Maçonaria universal.
Durante o conflito, para escapar aos bombardeamentos aliados, a coleção foi dividida em três partes: duas acabaram em território polaco e uma na atual República Checa. Em 1945, o conjunto remanescente na cidade de Sława Śląska foi apreendido pelas autoridades polacas; as outras secções foram levadas pela então União Soviética.
Em 1959, a Polónia transformou oficialmente o espólio em arquivo nacional, mesmo numa altura em que a Maçonaria era proibida sob o regime comunista. Desde então, o material tem sido gradualmente estudado por investigadores e visitado por representantes de Lojas alemãs que procuram reconstituir a sua história anterior à guerra.
Para o antigo responsável pela coleção, Andrzej Karpowicz, o arquivo é “uma mina de informação inesgotável”. Ele lembra que “os nazis odiavam os maçons”, associando-os a elites liberais e intelectuais contrárias ao dogma do regime.
Hoje, o que começou como um projeto de perseguição é visto como um repositório essencial da cultura maçónica europeia — um espelho involuntário da diversidade espiritual e intelectual que o totalitarismo tentou apagar.




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