Admissão de mulheres gera cisão no Grande Oriente Lusitano
- Redação My Fraternity

- 24 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de out.
Permitir a iniciação feminina no GOL provoca saídas em várias lojas e expõe uma das maiores crises recentes da maçonaria em Portugal.
A decisão de permitir a entrada de mulheres na mais antiga obediência maçónica portuguesa está a provocar divisões internas profundas. No Grande Oriente Lusitano (GOL), cerca de 40 membros da Loja União Portucalense, em Vila Nova de Gaia, formalizaram já este mês a sua saída, e outras lojas ponderam seguir o mesmo caminho.
Segundo informações recolhidas, a contestação tem vindo a crescer desde maio, quando o “parlamento maçónico” aprovou a revisão da constituição que abre a porta à iniciação de mulheres. Apesar da aprovação, o tema permanece fracturante: para alguns maçons, a entrada de mulheres representa um passo histórico; para outros, é motivo suficiente para abandonar a obediência.
O grupo de Vila Nova de Gaia, liderado pelo médico Eurico Castro Alves, manifestou-se desde sempre contra a medida. Perante a decisão definitiva, apresentou documentos internos pedindo a extinção da sua loja no seio do GOL — um processo designado, na linguagem maçónica, como “abater colunas”.
O mal-estar não se restringe ao Norte. Em Cascais, elementos da Loja Estado da Arte debatem igualmente uma eventual saída coletiva ou parcial. No Algarve, uma das seis lojas da região encontra-se também em rota de colisão com a liderança nacional.
Fontes maçónicas admitem que alguns destes elementos poderão vir a aproximar-se da Grande Loja Legal de Portugal (GLLP), outra obediência com cerca de 3.800 membros, que historicamente rivaliza com o GOL e que, em tempos, foi identificada com setores ligados ao PSD. Contudo, fontes da própria GLLP negam qualquer processo formal de integração coletiva em curso.
Atualmente, o GOL conta com 2.400 maçons distribuídos por 103 lojas.
A tensão surge no momento em que o grão-mestre Fernando Cabecinha publicou um decreto provisório permitindo que as lojas interessadas passem a admitir mulheres, mediante aprovação por maioria absoluta dos seus membros. Algumas lojas já apresentaram propostas nesse sentido, e a Loja Delta foi a primeira a solicitar formalmente a iniciação de uma mulher.
Este fim de semana promete ser marcado por encontros em vários pontos do país. O GOL reúne-se no Palácio, no Bairro Alto, e depois na Casa do Alentejo, em Lisboa.
A GLLP convoca os seus membros no Hotel Corinthia, enquanto a Grande Loja Soberana de Portugal organiza um encontro no Penha Longa. São encontros que, para além da sociabilidade e da preparação do novo ano maçónico, decorrem num ambiente de debate intenso sobre o futuro da maçonaria em Portugal.
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